sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Selecionar e tratar as notícias serão (e são) algumas das competências necessárias para que os jornais impressos sobrevivam

Do início do meu dia, logo ao ligar o computador e ver as primeiras mensagens no twitter, ao final, com a aula de Gestão Estratégica das Marcas (da pós da Uniron), fiquei pensando em como o jornalismo sobreviverá aos novos tempos.

Selecionar e tratar

À noite, o professor Edson falava sobre a sobrevivência dos jornais impressos. A pergunta que não cala: os jornais impressos vão morrer? Ninguém sabe, mas é possível arriscar alguns palpites.
A redefinição de seus conteúdos possivelmente passará por se transformarem em uma espécie de "selecionador" e "tratador" das muitas notícias que estão a toda hora acontecendo. "Um leitor comum quer saber o que há de importante acontecendo, e o que ele precisa saber. Pela limitação de espaço, a seleção de notícias no impresso é maior. Mas este conteúdo não pode ser apenas uma repetição do que já saiu na Internet no dia anterior, é preciso que este conteúdo receba um tratamento que ajude o leitor a entender os assuntos", disse o professor.
Fiquei refletindo... A seleção, pelo que percebo, nem sempre é adequada nos jornais locais. O que explica uma edição de domingo de um jornal impresso trazer na sua página 3 (uma das páginas mais nobres de qualquer jornal) ensinamentos bíblicos e mensagens de pastores evangélicos ou uma gigantesca reportagem (elogiosa) com um político em que o mesmo aparece em todas as cinco fotos da página?
Todos os jornais têm interesses econômicos, claro, não somos ingênuos de pensar o contrário. Mas até que ponto este interesse está acima do interesse do leitor? (É leitor quem justifica a existência do jornal.)
Quanto ao tratamento, este praticamente não há. São notícias de ontem, sem acréscimos ou análises. E se contente com isto, leitor. Parece que o único trabalho é reduzir o tamanho do mesmo texto que já saiu na Internet para que ele caiba no espaço da página.

Há esperança?
No meio da tarde, a jornalista Marcela Ximenes me fez ler uma seção de opinião de um jornal e refletir que o presente (futuro) da reportagem está ameaçada por conceitos equivocados. O que mais me chamou a atenção no artigo que li é a idéia de que "As Fontes" são sempre as oficiais, com as quais é preciso marcar horário e ter tempo para esperá-las. É o jornalismo oficialesco na veia. Neste pensamento, "morador" não é fonte para jornalista. Fonte mesmo é a "Autoridade".
Outro pensamento que me espantou foi que "as notícias vêm até você (jornalista)". Li em algum lugar uma citação do Cláudio Abramo que dizia que notícia é o que incomoda (alguém). Se não incomodar, não é notícia, é publicidade. Se a informação chega (geralmente chega mesmo, por e-mail, vinda de alguma assessoria de imprensa), é porque alguém está interessado em vê-la publicada. Creio que é preciso ir além do que lhe dão de graça (só para lembrar: não existe de graça).
Como dizia aquele seriado de TV: a verdade está lá fora.

O que importa mesmo?
Saindo do impresso e indo para o telejornal, de manhã, o estudante de jornalismo Davi Rocha tuitou o seguinte: "liguei a tv para ver algumas primeiras notícias do dia e em vez disso aprendi a trocar a resistência do chuveiro". Lembrei de imediato uma "reportagem" que vi numa emissora nacional em que uma dona da casa ensinava a lavar tênis. Na ânsia de tentar passar informações úteis para o telespectador, os telejornais se aventuram em áreas que são mais para programas de variedades.

3 comentários:

  1. Concordo com você quando diz que o futuro dos jornais impressos sejam de análise dos fatos. Agora uma coisa que me deixa aborrecido é o fato de se publicar notícias já prontas de assessorias de políticos ou empresas. O leitor mais antenado nota quando a notícia foi feita pelo jornalista. Quando na medida do possível tem a opinião do profissional.
    É claro e evidente que a empresa vive de lucros. Mas não compromete tanto as finanaças se tem um jornalismo investigativo. Que apura a verdade dos fatos e que orienta o leitor nos mais variados momentos do dia-a-dia.
    Na minha modesta opinião é importante a participação do leitor. Jornal tem que ter espaço pro leitor. É aí que ele relata como está sua rua e dá opinião sobre matérias publicadas. Enfim, pauta o jornal e se sente um cidadão quando vê as demandas suas e da comunidade sendo feitas pelos governantes.

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  2. É, Arimatéa, você tem toda a razão. Mas infelizmente, os jornais (impressos e na web) ainda não entenderam que os leitores têm inteligência e eles (os jornais) perdem credibilidade se só oferecem notícias que vêm de políticos e empresas (como você escreveu).

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  3. Sem comentários...porém, complemento o sofismo do seriado de TV: "a verdade está lá fora", com Saint-Exupèry: "o essencial é invisível aos olhos"... (risos).

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